A
Autoridade do Medicamento em Portugal (Infarmed) suspendeu a comercialização de
todos os lotes e também a utilização de amostras em Portugal dos medicamentos
Tredaptive e Trevaclyn, da farmacêutica Merck Sharp & Dhome, utilizados
para reduzir o colesterol.
Em
causa está uma recomendação da Agência Europeia do Medicamento (AEM) que
conclui que os remédios não diminuem o risco de morte cardíaca e ainda têm
efeitos adversos graves, embora não fatais, como hemorragias, dores musculares,
infeções e aparecimento de diabetes.
Aos médicos, a mesma autoridade internacional
recomenda que deixem de receitar os fármacos indicados e que procurem
alternativas para o tratamentos dos seus pacientes. E aos doentes que estejam
atualmente a fazer tratamentos com os remédios em causa, é pedido que procurem
ajuda médica com urgência.
Segundo a AEM, a decisão de retirar os
medicamentos do mercado teve como base os resultados de um estudo financiado
pelo próprio laboratório, a Merck.
Participaram no estudo 25 673 indivíduos
considerados doentes de alto risco para a ocorrência de eventos
cardiovasculares, que foram seguidos durante três anos e nove meses.
A pesquisa comparou pacientes tratados com os
medicamentos – que contêm ácido nicotínico – associados à estatina (substância
mais utilizada no tratamento do colesterol) com outro que utilizava apenas
estatina.
O estudo revelou que "a associação dos
medicamen-tos não apresentou redução do risco de mortes, ataques cardíacos não
fatais e derrames cerebrais, em comparação com a terapia exclusiva com
estatina".
Além disso, verificou-se "um aumento na
incidência de alguns eventos adversos sérios não fatais no grupo que recebeu o
medicamento".
CONSELHO DE ÉTICA ESTUDA
CONFLITO DE INTERESSES
O presidente do Conselho Nacional de Ética
para as Ciências da Vida (CNECV), Miguel Oliveira da Silva, revelou ontem, no
Parlamento, que vai elaborar um parecer sobre as declarações de conflito de
interesses profissionais, pessoais e institucionais com a indústria
farmacêutica. O responsável aproveitou ainda para criticar o facto de os
hospitais não terem contribuído para a elaboração do parecer sobre contenção de
custos com medicamentos, como lhes foi solicitado.
* Publicado no Correio da Manhã a 24 de Janeiro de
2013
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